sábado, junho 30, 2007

Luso(n)fonia

Nasce na serra, desce os verdes montes enrugados, e entrega-se a quem a quiser beber. Comparada com uma qualquer água, a nossa língua tem um sabor antigo e simultaneamente fresco.

Nós, lusos, temos o nosso paladar espalhado por todo o mundo. Qualquer continente é familiar. Porém, por vezes, não nos conseguimos enquadrar correctamente naquele onde nos encontramos. Somos uns, outros, todos e nenhuns!

E é o centro deste continente que nos faz, em grande parte, alterar positiva e/ou negativamente o curso da nossa língua. Recolhemos expressões estrangeiras e inventamos outras. Faz parte da nossa evolução como seres falantes e pensantes. Muitos destes últimos é certo que não se encontram no nosso país, mas… whatever.

O futebol tem sido uma das bandeiras (de preferência verde e vermelha, com uma esfera armilar amarela) do nosso idioma. Mas a inteligência com que fazem uma finta ou marcam um golo é estrondosamente díspar daquela que possuem na língua. “Tou muito contente de tar aqui pah, espero que póssamos ganhar o jogo graças a Deus.”. A ignorância não se nota apenas na forma mas também, e, essencialmente, no conteúdo. Aliás, não se pode falar correctamente quando o nosso cérebro não sabe sequer o que é falar.

A música é outra das áreas onde a nossa fonia se desenvolve pelos quatro cantos do mundo. Temos Jorge Palma, Rui Veloso, José Afonso, Amália Rodrigues, Madredeus, Moonspell, entre muitos e muitos outros, que implantaram nas pautas musicais novas formas de se enraizarem na cultura portuguesa e/ou mundial. No entanto, também temos os nossos músicos (???) como o Tony Carreira (nome bem português, Tony, especialmente aquela letra que não se encontra no nosso alfabeto…), que utiliza de forma absolutamente brilhante todos os meios ao seu dispor para embelezar a língua portuguesa. Pena é conhecer poucas palavras, como “amor, dor, alegria, harmonia, paixão, coração, sofrimento, pensamento”. Tal como este cantor de coisas, também o seu filho eleva o nome do nosso país. Mickael, outro nome absolutamente português. É impressão minha, ou está ali outra letra inexistente no nosso alfabeto? Pode ser só impressão… “Tu estás em mim aonde eu estou” – esta é provavelmente a frase mais complexa da história da humanidade, pelo menos da minha. Se, por um lado, o artista diz que “tu estás em mim”, por outro, afirma que é “aonde eu estou”. Ora, aqui é que surge a complexidade deste verso da língua portuguesa. O senhor Mickael é, provavelmente, o homem mais rápido do planeta, não só na forma como passa ao lado da música, como também pela forma como está num sítio aonde vai. Uma pessoa pode estar onde quer que seja aonde a outra vai. Agora, estar num sítio aonde a outra pessoa está é que é mais complicado… E, neste caso, não se trata de um mero estrangeirismo ou evolução numa determinada palavra, mas sim num erro ao qual, infelizmente, estamos habituados. Mas não irei falar de todos os erros de português que existem na música, na publicidade, na televisão, no jornalismo, no futebol, etc, etc, etc. Se o fizesse, talvez necessitasse de mais palavras do que aquelas que o próprio dicionário comporta.

Hoje em dia, há uma liberalização musical ao nível das letras. Tanto se canta mal em português como em inglês. Aqui, “cantar” no sentido de “dizer”, “falar” e não no aspecto sonoro, musical…

Como Sam the Kid (outro nome tradicionalmente português, tal como Tony e Mickael) afirma numa das suas músicas, “há uma identidade, vocês são todos idênticos. São autênticos mendigos vendidos por cêntimos”. Talvez sim, talvez não. O músico pode cantar para vender, para comprar, para o que quiser. Mas que utilize o português correctamente, “ouvistes”?

Talvez sejamos todos uns “niggas” com vontade de emergir e construir uma nova língua. Mas ya, vamos pensar um pouco, bro. LOL Isto até chega a ter piada… Cool! Façamos tudo (sem acento tónico no primeiro “a”, por favor) para que a nossa língua evolua, obviamente, mas sem nunca se afastar do correcto, da verdadeira forma de escrever e falar.

É hora de utilizar todas as “guns n’ roses” para combater e embelezar as letras que se nos surgem. Talvez, assim, teremos uma verdadeira “luso n’ fonia”.

André Pereira
O Despertar

terça-feira, junho 26, 2007

Beyond Death


O que é a morte? É esse um dos grandes mistérios da humanidade e não raras vezes tentamos encontrar explicações (algumas mais ridículas que outras). Será a morte simplesmente a falência de órgãos vitais seja porque motivo for? Será a morte o último fechar de olhos? Será a morte a senhora vestida de preto com aquele engraçado instrumento a que todos chamamos de foice e que no fundo é uma alfanje? E depois da morte? E depois? O que há? Nada, ou será apenas a morte o início de uma melhor existência?

Bom, temos no nosso mundo milhares de milhões de escritos de gente iluminada que, uns com mais credibilidade que outros, claro, tentam responder a tais perguntas, contudo não consigo deixar de pensar que até agora nunca ninguém que tenha morrido e ressuscitado escreveu um livro sobre isso (alguns dizem que Jesus morreu e ressuscitou, outros dizem que não, mas ponto assente é que não escreveu livro algum sobre o assunto). Ora, se nunca se escreveu da morte por experiência própria como nos podemos basear em pessoas que dizem ou isto ou dizem aquilo? Como não me atribuo poderes de médium nem de adivinho não vou conjecturar sobre o que há depois da morte para o falecido, vou, isso sim, limitar-me aos factos que posso garantir que são verdadeiros, ou seja, o que acontece depois da morte aos que amam (amavam?) o falecido.

Se ao vernáculo necessitarmos mesmo de recorrer o que se pode dizer com certeza é que a morte é uma Puta (com P grande) que nos roubou e há-de continuar a roubar aqueles que amamos. A morte de familiares, de amigos, de amantes, todas elas nos atingem de diferentes maneiras mas todas têm algo em comum, a perda, a certeza (pelo menos a minha) que nunca mais na minha vida vou poder estar com aquele familiar, nunca mais na vida vou poder rir-me das piadas daquele amigo, nunca mais na minha vida vou poder beijar os lábios daquela amada. Claro que podemos sempre argumentar que quem perdeu mais foi o falecido (perdeu a vida), mas e nós que cá ficamos? E nós que ficamos privados das pessoas com quem queremos estar?? Não é revoltante? Não dói saber que nada podemos fazer? Não dói saber que não podemos recorrer a nenhum poder judicial para por cobro a uma tremenda injustiça? Porque raio não morre o Kim Jong Il ou o Ahmadinejad ou a Condoleezza e tem de morrer quem não merece?

Tantas perguntas que pergunto, e para quê? (mais uma) Ninguém vai responder aos meus porquês…