terça-feira, abril 15, 2008

Copos



Por entre copos

De copos que bebi

Sinto que copos que não são copos

Deixam-me feliz


No limiar da minha existência

Onde os copos não são copos

Inerte, deixo-os dissolver,

Em copos daqueles copos,

De que estou farto de beber.


E de todos os copos que bebi,

Que de copos não têm nada,

Apenas quero aquele copo

Que deixa a minha mente quebrada.


Deito-me no leito daquele vinho

Entre copos que me esquecem

Mas estou farto de todos os copos

Todos eles me enfraquecem.


Vou acabar com todos os copos

Que de copos não posso beber

E entre copos e mais copos

Esqueci-me de viver...

Mãos da Descendência


Quebrado nesta nostálgica demência

Deixo que as mãos me mostrem o meu fado

Turvo, inoculo, deixo-o dormir,

Sei que está cansado, farto de proferir.


E estas mãos que cobrem a minha cara,

Dilaceradas por um tempo que morreu,

Não são minhas, são de tantos outros

E esses outros, o tempo perdeu.


Enterrados em histórias escondidas,

Em desertos que tento descobrir,

Esses homens esquecidos no tempo,

São o ser que tento perseguir.


Todas estas velhas mãos que me moldam

Ou que apenas me querem moldar

Não me transformaram naquilo que sou,

Pois apenas são uma ilusão,

Criada para eu sonhar.