quinta-feira, fevereiro 15, 2007

São Valentim

Ó Paredes, mestre fadista, da guitarra artista
Hoje sonhei com a tua arte, um dedilhar possante
Uma vida musical, um triunfar constante.

Quis ser maior, quis ser melhor, quis ser perfeito
Saudei mundos, abracei a vida, chorei, satisfeito

Deitei, descansei, sonhei
Acordei, sorri, vivi.
Nada encontrei...
E tu mesmo ali,São Valentim..

Não procurava o sucesso, o excesso
A fama, o dinheiro ou a glória.

Este sonho que sonhei, neste dia de alegria
era meu e tão teu,
era forte de paixão, de harmonia,
enfim, de Romeu?

Procurava-te, a TI

Chamei-te de amor, e com um olhar, deste o coração
Corei, cresci, rebentei.
Todo o amor do mundo por aí,
e tu com o meu... na tua mão

Corri por vales e montes, feliz
Pois onde tu estiveres eu estarei,
Guardada estás no meu coração
Plantada... de raíz

domingo, fevereiro 04, 2007

Fala-me de amor

Vi-te infeliz, cara tapada e os soluços de quem perdeu algo.
Perguntei-te se podia ajudar.

Perguntaste-me se sabia o que era o amor.
Tentei responder pensando nos melhores momentos que tinha passado, nas pessoas que me tinham dado boas recordações, nos locais mais lindos que tinha visitado...
Sorriste pela primeira vez, e eu senti-me feliz.

Fala-me de amor, pedi-te eu, com os olhos fixos no vazio, fugindo dos teus.
Esperava ouvir-te falar do teu mundo, dos teus sonhos e ilusões. Esperava conhecer-te melhor e partilhar das tuas mágoas e alegrias.

Falaste-me de amor. O amor que sentias, a pessoa desejada, a vida presente, a vida passada. Aí vi que o que sentia não era nada mais que um punhado de areia numa vida de pressas e segredos, intercalada com murmúrios e lamentos.
Senti vontade de chorar, mas aguentei, senti pressa de viver, de corrigir tudo o que tinha feito, de mandar aquelas dezenas de cartas que nunca enviei...
Levantaste-te. Levaste contigo a alegria e o amor. Deixaste-me a saudade e o lamento.

Hoje, olho para o passado, e recordo aquela rapariga, com aquele perfume ligeiramente adocicado, a voz melódica e firme, aqueles cabelos ondulantes.
Espero agora eu, sentado nesta pedra, qual filósofo, à espera que um alguém me venha render. Tirar desta solidão que me assola quando paro. Tirar o peso da imagem de quem sempre amei mas nunca lhe disse.
Estou velho e esta falta de amor, leva-me as poucas forças que me restam.
Antes assim, preferi morrer de corpo, que sofrer e morrer de coração.

Tomás
Imagem: Direitos Reservados