domingo, fevereiro 04, 2007

Fala-me de amor

Vi-te infeliz, cara tapada e os soluços de quem perdeu algo.
Perguntei-te se podia ajudar.

Perguntaste-me se sabia o que era o amor.
Tentei responder pensando nos melhores momentos que tinha passado, nas pessoas que me tinham dado boas recordações, nos locais mais lindos que tinha visitado...
Sorriste pela primeira vez, e eu senti-me feliz.

Fala-me de amor, pedi-te eu, com os olhos fixos no vazio, fugindo dos teus.
Esperava ouvir-te falar do teu mundo, dos teus sonhos e ilusões. Esperava conhecer-te melhor e partilhar das tuas mágoas e alegrias.

Falaste-me de amor. O amor que sentias, a pessoa desejada, a vida presente, a vida passada. Aí vi que o que sentia não era nada mais que um punhado de areia numa vida de pressas e segredos, intercalada com murmúrios e lamentos.
Senti vontade de chorar, mas aguentei, senti pressa de viver, de corrigir tudo o que tinha feito, de mandar aquelas dezenas de cartas que nunca enviei...
Levantaste-te. Levaste contigo a alegria e o amor. Deixaste-me a saudade e o lamento.

Hoje, olho para o passado, e recordo aquela rapariga, com aquele perfume ligeiramente adocicado, a voz melódica e firme, aqueles cabelos ondulantes.
Espero agora eu, sentado nesta pedra, qual filósofo, à espera que um alguém me venha render. Tirar desta solidão que me assola quando paro. Tirar o peso da imagem de quem sempre amei mas nunca lhe disse.
Estou velho e esta falta de amor, leva-me as poucas forças que me restam.
Antes assim, preferi morrer de corpo, que sofrer e morrer de coração.

Tomás
Imagem: Direitos Reservados

2 comentários:

Anónimo disse...

"(...)preferi morrer de corpo, que sofrer e morrer de coração."
Todos nós, ou quase todos, já sofremos um desgosto de amor. Já vertemos lágrimas em nome desse sentimento... E dizemos que sofremos...
Mas, na realidade, quem sofre não é aquela mulher que foi traida e abandonada... Quem sofre não é aquele homem que ouve uma recusa ao sentimento que lhe invade o coração... Não...
A pessoa que sofre é aquela que não conhece o amor. Que não deixa que alguém lhe mostre o verdadeiro significado dessa palavra, ainda que viva na ilusão de conhecer tal sentimento! Quem sofre é aquele que não se deixa embalar por um abraço no meio da multidão, onde as vozes e os ruídos desaparecem, ficando apenas a troca de olhares e as palavras que o coração dispensa que os ouvidos ouçam... Quem sofre é aquele que, enclausurado numa "vida de pressas e segredos", não vive, apenas deixa a vida passar... É aquele que pára numa noite fria de Inverno e se sente só, como se fosse o último ser humano no planeta... Sofre e chora, sente-se abandonado e desesperado por sentir a chama da vida e do amor dentro de si...
Não, quem sofre por amor não é aquele cujo o sentimento não é retribuido na sua plenitude, mas aquele que prefere deixar que os anos passem com medo de amar e poder sofrer!

Anónimo disse...

eu mostro-te o que é sofrer por amor.o que é o sentimentode culpa julgando que sou eu que estou errada, quando no final, altura em que já não ha nada a fazer, concluo que sempre estive certa, apenas não queria ver, e por isso me submeti e redimi ao amor que sentia assim:

Desculpa-me por todos os momentos que tornei a nossa felicidade perturbada
Desculpa-me pelas horas tristes e inúteis que te fiz passar
Desculpa-me se em algum momento te fiz infeliz; porém sem querer
Desculpa-me se hoje já não te faço feliz como no primeiro momento em que vieste ter comigo
Desculpa-me se, indirectamente, te impeço de alguma coisa
Desculpa-me, se te faço pensar de mim, não só sentimentos bons
Desculpa-me se me preocupo demais contigo, exagero às vezes
Desculpa-me sim por alguns momentos duvidar dos teus sentimentos
Desculpa por tudo de mal e
Desculpa-me também pelos bens e felicidade que deixei de te proporcionar
Desculpa-me...

Apenas te amo demais; e amor pode significar medo...
Desculpa-me..

Do fundo do coração...

depois conclui que amor pode significar perda...só que não era amor, porque para ser tinham de exixtir 2 seres que se amam... cheguei à conclusão que só havia um... eu...