segunda-feira, maio 19, 2008

Carta de Salazar


Ao cimo daquelas escadas,
Aquelas onde te encontrei,
Deixo-me levar por ternos momentos,
Dos que verdadeiramente amei.

Olho para o teu lindo olhar,
Copio esse gesto que aprecio,
Contigo consigo dar a volta ao mundo,
Consigo tapar o meu sombrio vazio.

Vamos fugir desta prisão!
Tirar as amarras que me sofocam!
Vamos escrever lindos poemas!
Sentimentalistas que me tocam.

Só quero agora saber de ti,
Só quero cantar palavras ao teu lado,
Libertas-me do horrível Salazar,
Para ti sou um António apaixonado.

Mas estas escadas onde me sento,
Depressa se irão destruir,
Assim como o teu belo sorriso,
Compenetrado, que me faz mentir.

As mentiras não servem de nada,
O dever e o país gritaram mais alto!
Tenho que voltar à triste prisão,
Tenho que a tomar de assalto!

Adeus minha querida amada,
Foste a melhor desculpa para fugir,
Contigo fui alguém que gostava de ser,
Uma tela que pude colorir...

Adeus minha querida amada,
Desculpa por esta breve despedida,
O lado lunar chama por mim,
Adeus minha amada perdida...

terça-feira, maio 13, 2008

Exalta a Revolução!


Exalta-te dentro deste sistema!
Deixa as hipocrisias morrer!
Luta e não pares de lutar!
És fogo que arde! Não pares de arder!

Exalta-te dentro deste sistema!
Deixa os corruptos morrer!
Ouve o grito do silêncio!
É ele que te vai deixar viver!

Exalta-te dentro deste sistema!
Deixa as legislações morrer!
Parte para esta guerra irmão!
Sofre! Chora! Não pares de crer!

Exalta-te dentro deste sistema!
Deixa as anarquias morrer!
Cobre-te de nobres sentimentos!
Guia-te no silencioso escurecer!

Exalta-te dentro deste sistema!
Deixa as ditaduras morrer!
Sobe ao cimo daquele monte!
Grita até te conseguirem ver!

Exalta-te! Exalta-te meu irmão!
Deixa as livres pombas voar!
São elas que nos dão alento!
Que nos dão força para continuar!

Exalta-te! Exalta-te meu irmão!
Exalta esta linda revolução!
Poderás cantá-la a todo o mundo!
Com as palavras que escreves no teu coração!

Exalta-te! Exalta-te meu irmão!
Deixa-te pairar sobre o ar!
Serás uma livre e bela pomba,
Aquela que aprendeu a voar...

quinta-feira, maio 01, 2008

Deixa-me Chorar



Larga-te de mim!
És cegueira que não quero,
És grades de cimento!
És barreiras que não supero!

Larga-te de mim!
Vai para outro lado,
Estou cego de te ver,
Sou amor descontrolado!

Larga-te de mim!
Quero te ver morrer!
Sou um homem podre,
Abutre que quer comer.

Larga-te de mim!
És fogo que me quer queimar,
És sentimentos dispersos,
Em cinzas do meu pensar.

Agora que já me largaste,
Quero-te outra vez aqui,
Fui estúpido em deixar-te
Sou um homem triste sem ti.

Sei agora, que te perdi.
Sei que já não vais voltar,
Em lágrimas de sangue,
Deixa-me chorar...







terça-feira, abril 15, 2008

Copos



Por entre copos

De copos que bebi

Sinto que copos que não são copos

Deixam-me feliz


No limiar da minha existência

Onde os copos não são copos

Inerte, deixo-os dissolver,

Em copos daqueles copos,

De que estou farto de beber.


E de todos os copos que bebi,

Que de copos não têm nada,

Apenas quero aquele copo

Que deixa a minha mente quebrada.


Deito-me no leito daquele vinho

Entre copos que me esquecem

Mas estou farto de todos os copos

Todos eles me enfraquecem.


Vou acabar com todos os copos

Que de copos não posso beber

E entre copos e mais copos

Esqueci-me de viver...

Mãos da Descendência


Quebrado nesta nostálgica demência

Deixo que as mãos me mostrem o meu fado

Turvo, inoculo, deixo-o dormir,

Sei que está cansado, farto de proferir.


E estas mãos que cobrem a minha cara,

Dilaceradas por um tempo que morreu,

Não são minhas, são de tantos outros

E esses outros, o tempo perdeu.


Enterrados em histórias escondidas,

Em desertos que tento descobrir,

Esses homens esquecidos no tempo,

São o ser que tento perseguir.


Todas estas velhas mãos que me moldam

Ou que apenas me querem moldar

Não me transformaram naquilo que sou,

Pois apenas são uma ilusão,

Criada para eu sonhar.