Como telespectador atento que sou, tenho mantido uma vigilância permanente sobre o meio audiovisual e a sua repercussão no nosso mundo actual. A Publicidade é um dos conteúdos que me fascina e, ao contrário de grande parte das pessoas, muitos são os minutos que despendo com os olhos colados aos mais variados anúncios.
De há uns tempos para cá, dois anúncios saltaram-me à vista mas, essencialmente, ficaram no meu pensamento mais tempo do que o normal. A minha primeira reacção foi de surpresa; contudo, após alguns visionamentos mais cuidadosos, notei em mim algum receio, especialmente num deles. Fiquei surpreendido porque, apesar de seguirem as regras publicitárias, estes dois anúncios afastam-se, de certa maneira, da onda em que até então todos navegavam, criando a sua própria estrutura.
O outro sentimento que enumerei é o receio, uma vez que estes anúncios (com especial atenção para um deles) aproveitam um momento de “distracção humana” para entrar no inconsciente das pessoas.
Falo dos anúncios da Coca-Cola e do óleo Vêgê. No primeiro, a personagem principal é um senhor idoso, de fato-de-treino, praticando diversas actividades físicas demonstrando, assim, a sua excelente forma. O senhor diz que sempre bebeu Coca-Cola e que, apesar de se dizer que o refrigerante é utilizado para “limpar as engrenagens” e “não estar provado que faça bem”, ele continua a beber porque fá-lo sentir feliz. E, “se a felicidade aumenta a esperança de vida, continuarei a beber”.
Por sua vez, o segundo anúncio centra-se numa rapariga na flor da idade. Esta, apresenta, de forma bastante natural, o produto, desprezando, por completo, o ambiente envolvente - “Não precisamos de uma bonita cozinha, com um cozinheiro famoso, umas crianças para dar um ar querido e uma super-modelo a apresentar”.
Contudo, ao dizer tudo isto, está a captar a atenção do público para esse mesmo aspecto, o espaço envolvente que, nesta película, se baseia numa parede branca onde a protagonista cria o seu próprio meio. Esta simplicidade na promoção do produto leva a uma conclusão lógica, referida pela actriz: “Desculpem, vamos continuar com anúncios maus mas com um óleo muito bom”.
Ora, estes dois anúncios causaram em mim surpresa não só pela sua originalidade mas também pela “mudança de rumo”, como já havia referido. Contudo, é o anúncio da Coca-Cola que provoca em mim o tal sentimento de receio. Isto porque, se analisarmos bem o anúncio, o texto não confirma nem desmente os malefícios da Coca-Cola, colocando a sua tónica no elemento primordial, a Felicidade!
Por entre imagens raras nos dias que hoje correm (um homem de 84 anos em excelente forma), a Coca-Cola como que “injecta” lentamente no nosso inconsciente a frase “a Coca-Cola até pode fazer mal, mas dá felicidade”. E é aqui que eu sinto medo. Isto porque, se até então as pessoas já suspeitavam da qualidade deste refrigerante, a partir de agora sabem, por fonte segura, que provavelmente faz mal.
A máxima que este anúncio estabelece e pretende moldar na mente humana é a seguinte: “Façamos o que nos apetece! Até podemos consumir produtos que nos irão prejudicar mas o importante é estarmos felizes."
Desde sempre que a Coca-Cola nos tem habituado a anúncios de elevada qualidade, mas não nos esqueçamos que foram estes senhores que criaram o Pai Natal. Esperemos que não criem, também, “esta” felicidade.
Este tipo de anúncio é muito difícil de combater pois a própria marca diz “toda a verdade”, acrescentando no entanto um novo elemento - “O nosso produto faz mal, mas dá felicidade”, ou “Os nossos anúncios são maus mas o óleo é bom”.
As pessoas continuarão a beber Coca-Cola, eu próprio continuarei a fazer parte desse grupo. As vendas do óleo Vêgê irão, decerto, aumentar como consequência deste anúncio. Mas é importante saber ver os anúncios, e não apenas olhar…
De há uns tempos para cá, dois anúncios saltaram-me à vista mas, essencialmente, ficaram no meu pensamento mais tempo do que o normal. A minha primeira reacção foi de surpresa; contudo, após alguns visionamentos mais cuidadosos, notei em mim algum receio, especialmente num deles. Fiquei surpreendido porque, apesar de seguirem as regras publicitárias, estes dois anúncios afastam-se, de certa maneira, da onda em que até então todos navegavam, criando a sua própria estrutura.
O outro sentimento que enumerei é o receio, uma vez que estes anúncios (com especial atenção para um deles) aproveitam um momento de “distracção humana” para entrar no inconsciente das pessoas.
Falo dos anúncios da Coca-Cola e do óleo Vêgê. No primeiro, a personagem principal é um senhor idoso, de fato-de-treino, praticando diversas actividades físicas demonstrando, assim, a sua excelente forma. O senhor diz que sempre bebeu Coca-Cola e que, apesar de se dizer que o refrigerante é utilizado para “limpar as engrenagens” e “não estar provado que faça bem”, ele continua a beber porque fá-lo sentir feliz. E, “se a felicidade aumenta a esperança de vida, continuarei a beber”.
Por sua vez, o segundo anúncio centra-se numa rapariga na flor da idade. Esta, apresenta, de forma bastante natural, o produto, desprezando, por completo, o ambiente envolvente - “Não precisamos de uma bonita cozinha, com um cozinheiro famoso, umas crianças para dar um ar querido e uma super-modelo a apresentar”.
Contudo, ao dizer tudo isto, está a captar a atenção do público para esse mesmo aspecto, o espaço envolvente que, nesta película, se baseia numa parede branca onde a protagonista cria o seu próprio meio. Esta simplicidade na promoção do produto leva a uma conclusão lógica, referida pela actriz: “Desculpem, vamos continuar com anúncios maus mas com um óleo muito bom”.
Ora, estes dois anúncios causaram em mim surpresa não só pela sua originalidade mas também pela “mudança de rumo”, como já havia referido. Contudo, é o anúncio da Coca-Cola que provoca em mim o tal sentimento de receio. Isto porque, se analisarmos bem o anúncio, o texto não confirma nem desmente os malefícios da Coca-Cola, colocando a sua tónica no elemento primordial, a Felicidade!
Por entre imagens raras nos dias que hoje correm (um homem de 84 anos em excelente forma), a Coca-Cola como que “injecta” lentamente no nosso inconsciente a frase “a Coca-Cola até pode fazer mal, mas dá felicidade”. E é aqui que eu sinto medo. Isto porque, se até então as pessoas já suspeitavam da qualidade deste refrigerante, a partir de agora sabem, por fonte segura, que provavelmente faz mal.
A máxima que este anúncio estabelece e pretende moldar na mente humana é a seguinte: “Façamos o que nos apetece! Até podemos consumir produtos que nos irão prejudicar mas o importante é estarmos felizes."
Desde sempre que a Coca-Cola nos tem habituado a anúncios de elevada qualidade, mas não nos esqueçamos que foram estes senhores que criaram o Pai Natal. Esperemos que não criem, também, “esta” felicidade.
Este tipo de anúncio é muito difícil de combater pois a própria marca diz “toda a verdade”, acrescentando no entanto um novo elemento - “O nosso produto faz mal, mas dá felicidade”, ou “Os nossos anúncios são maus mas o óleo é bom”.
As pessoas continuarão a beber Coca-Cola, eu próprio continuarei a fazer parte desse grupo. As vendas do óleo Vêgê irão, decerto, aumentar como consequência deste anúncio. Mas é importante saber ver os anúncios, e não apenas olhar…
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